Os “cartéis do chocolate”: Costa do Marfim e Gana enfrentam o tráfico de cacau
Em um momento de disparada nos preços do cacau, os agricultores marfinenses e ganeses continuam sujeitos a um preço de compra extremamente baixo, fixado pelo Estado. Enquanto as autoridades aumentam regularmente os preços, eles assistem, quase impotentes, ao surgimento de uma operação de tráfico de grãos, com o objetivo de extrair um preço melhor no exterior. A imprensa internacional descreve um negócio que vale milhões de euros.
É um "negócio perigoso, mas lucrativo" no qual a Bloomberg está interessada . O veículo de comunicação americano viajou para o oeste da Costa do Marfim, atravessando florestas e pastagens entrecortadas por trilhas de terra. "Após o anoitecer, motoboys chegam a armazéns perto da fronteira [com a Guiné e a Libéria] e carregam dois ou três sacos de cacau, cada um pesando cerca de 65 quilos. Por volta das 22h, partem em comboio, evitando postos de controle, para transportar os preciosos grãos para a Guiné."
Por trás desse pequeno balé de motocicletas, no entanto, esconde-se um negócio em expansão, alerta o jornalista. "Este setor é essencialmente um comércio atacadista no qual redes organizadas com conexões de alto nível usam caminhões para transportar até 30 toneladas de cacau por vez, afirmam contrabandistas, autoridades e comerciantes."
Na Costa do Marfim e em Gana, que juntos produzem cerca de 2,5 milhões de toneladas de cacau anualmente, dois terços do total mundial, o tráfico de grãos de cacau está crescendo. Apreensões e outras batidas policiais são manchetes frequentes na imprensa local, a ponto de o Financial Times descrever a ascensão dos "cartéis do chocolate".
Courrier International
